Bruna Vicente estrutura operação da BVolt como laboratório de soluções em comunicação
Por Redação
Retrato de Iude/Divulgação
Energia é aquilo que permite que algo aconteça: movimentar, acender, aquecer. Essa mesma força também define Bruna Vicente. A empresária fundou a BVolt aos 20 anos e transformou o mercado de relações públicas, no qual já atuava desde os 16. Com maturidade e repertório, relembra o turning point que a levou ao empreendedorismo, um movimento que surgiu de forma natural. “Quando olhava para outras empresas do mercado, por mais que admirasse muitas delas, sentia falta de um modelo que representasse exatamente aquilo em que eu acreditava”, conta. Hoje, a empresária resume: “Muitas vezes, as pessoas não sabem exatamente como nos definir. Somos uma assessoria de imprensa? Uma produtora de eventos? Uma agência de influenciadores? A verdade é que somos tudo isso. E mais. Eu costumo dizer que a BVolt é um laboratório de ideias, capaz de criar qualquer tipo de solução dentro das áreas de comunicação, PR e experiências.” À THE PRESIDENT, a empresária conta sobre como transformar intuição em ação, construir uma empresa que desafia rótulos e liderar com propósito.
THE PRESIDENT _ Como o empreendedorismo entrou na sua vida? Já na sua formação, você soube para onde gostaria de seguir?
Bruna Vicente — A minha trajetória começou de forma bastante inesperada. Desde muito nova, acreditava que meu sonho era ser atriz — comecei a fazer aulas na Casa do Teatro aos 8 anos e, ao longo dos anos, fiz diversos cursos com esse propósito. Paralelamente, sempre tive uma vida social muito ativa e convivia com pessoas mais velhas, o que me fez começar a sair e explorar o universo noturno de São Paulo muito cedo. Quando eu tinha 16 anos, meus pais decidiram se mudar para o interior. Por conta do meu sonho de seguir carreira artística, pedi para continuar em São Paulo. Eles aceitaram, mas com a condição de que eu começasse a trabalhar. Foi aí que alguns amigos, que já atuavam na noite paulistana, me incentivaram a ser promoter — eles diziam que eu tinha nascido para lidar com pessoas. Depois de refletir bastante, decidi arriscar. Comecei fazendo listas VIP para três casas icônicas: Bardot, Número e Disco. A partir daí, o empreendedorismo entrou na minha vida de forma muito intuitiva e orgânica. Quando olhava para outras empresas do mercado, por mais que admirasse muitas delas, sentia falta de um modelo que representasse exatamente aquilo em que eu acreditava. Foi esse olhar crítico — e ao mesmo tempo visionário — que me motivou a criar algo meu, com o formato que eu sentia que faltava. Assim nasceu a vontade de empreender.
O que você sente que herdou da Bruna de 16 anos e o que já ficou para trás?
BV — Acho que ainda carrego muitas características da Bruna de 16 anos — claro, hoje com muito mais maturidade e repertório. O que continua muito presente em mim é a paixão pelo que eu faço e o entusiasmo genuíno em cada conquista, em cada projeto. Mesmo com o volume de demandas e a correria do dia a dia, me esforço conscientemente para não deixar que nada entre no modo automático. Vibro, celebro e muitas vezes me emociono de verdade com cada vitória da BVolt e dos nossos clientes. O que ficou para trás, sem dúvida, foi a ingenuidade que eu tinha no início da minha trajetória. Ainda acredito nas pessoas — e escolho continuar acreditando, apesar de tudo o que já vivi. Mas hoje sou muito mais racional e estratégica em alguns pontos. Desenvolvi uma frieza necessária em decisões importantes, algo que a Bruna de 16 anos definitivamente não tinha. Esse equilíbrio entre manter a essência e ganhar estrutura emocional foi essencial para me tornar a líder que sou hoje.
A BVOLT nasceu como um sonho de revolucionar o mercado de relações públicas. Como foi transformar essa visão em um negócio real?
BV — Tirar uma ideia do papel é sempre um desafio e, no meu caso, não foi diferente. Quando a BVolt nasceu, há oito anos, a proposta era muito diferente do que o mercado de relações públicas estava acostumado a ver. Isso naturalmente gerou certa confusão, algo que até hoje conversamos internamente: muitas vezes, as pessoas não sabem exatamente como nos definir. Somos uma assessoria de imprensa? Uma produtora de eventos? Uma agência de influenciadores? A verdade é que somos tudo isso. E mais. Eu costumo dizer que a BVolt é um laboratório de ideias, capaz de criar qualquer tipo de solução dentro das áreas de comunicação, PR e experiências. E transformar essa visão em um negócio real exigiu coragem para sustentar o novo, consistência para provar resultado, e muita escuta ativa para evoluir sem perder a essência. Hoje, ver a BVolt consolidada, com um portfólio de marcas que admiro imensamente, é a prova de que valeu a pena apostar em um modelo que fazia total sentido pra mim.
Qual momento ou conquista te fez perceber que a BVolt tinha se consolidado no mercado?
BV — É difícil apontar um único momento, porque a sensação de consolidação veio em diferentes camadas — tanto em cases emblemáticos quanto em conquistas internas que reforçam, diariamente, que estamos no caminho certo. Um marco importante foi a BVolt House Coachella 2022. Ela aconteceu justamente em um momento de virada da BVolt: estávamos entrando em uma nova era, com a chegada de grandes clientes, desafios mais ambiciosos e uma nova escala de entrega. Foi um projeto que sintetizou muito do que acreditamos: experiência, relevância cultural e inovação. Ao mesmo tempo, conquistas internas me marcaram profundamente: já estamos na terceira expansão do nosso escritório, nosso time não para de crescer, e os feedbacks diários que recebemos dos nossos clientes reforçam o valor do nosso trabalho. É essa soma — de grandes marcos e pequenas vitórias — que me fez entender que a BVolt realmente se consolidou como uma força no mercado.
Como você enxerga o futuro da comunicação e do relacionamento entre marcas, imprensa e influenciadores?
BV — A comunicação de marca será, cada vez mais, um projeto sob medida. Cada cliente tem desafios muito específicos e construir estratégias eficazes exige entender essas particularidades, alinhá-las às diretrizes globais, considerar o budget disponível para cada frente e, acima de tudo, ter sensibilidade para se adaptar ao contexto cultural e de timing. No nosso trabalho com marcas globais, a imprensa ainda tem um papel extremamente relevante. Por mais que o ecossistema de influenciadores tenha ganhado força nos últimos anos, a imprensa — especialmente os títulos internacionais presentes em diversos países — continua sendo um dos poucos termômetros compreendidos globalmente. Isso ainda carrega muito peso em termos de validação e reputação. Já no que diz respeito aos influenciadores, vejo um futuro cada vez mais pautado por consistência e construção de longo prazo. Acreditamos em criar caminhos estratégicos e, ao longo deles, analisar, ajustar e lapidar constantemente — sempre com foco em resultado, mas entendendo que impacto real não se constrói da noite para o dia. É um processo contínuo, que exige visão, curadoria e tempo.