The President

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Resiliência premiada

MOTOR

Por Marcio Ishikawa

Fotos Germano Lüders

Com 32 anos de Kia no Brasil, José Luiz Gandini foca o mercado Premium e, com o EV5 e o EV9, entra na era 100% elétrica

A resiliência define bem a trajetória de José Luiz Gandini à frente da Kia do Brasil. Ele, que assumiu a presidência em 1996 (e esteve diretamente envolvido na operação desde o início), já passou por diversas turbulências – incluindo uma dificuldade logística da matriz em 2023, que fez poucos carros chegarem ao Brasil, e o recente aumento no imposto de importação dos eletrificados. 

Por outro lado, desistir é algo que passa longe de sua cabeça. Para provar o comprometimento da Kia com o Brasil, ele até se aventurou no futebol. Gandini recebeu THE PRESIDENT no QG da marca em Itu, a cerca de 100 km da capital paulista, e, entre uma história e outra, contou as novidades da marca que vêm por aí..

THE PRESIDENT _ Após os problemas de 2023 e o recente aumento no imposto de importação, quais as perspectivas da Kia a curto prazo?

José Luiz Gandini – Não temos mais problemas de falta de produtos. Nossa gama atual é composta do Stonic e do Sportage, que são híbridos leves (com motor elétrico alimentado por uma pequena bateria de 48 volts, que ajuda o motor a combustão), e do Niro, um full hybrid (bateria maior e motor elétrico que traciona o carro sozinho). Já há algum tempo, como não trabalhamos com volume, estamos nos voltando cada vez mais para o mercado Premium. 

O que vem por aí, no futuro próximo?

Dois SUVs grandes, 100% elétricos. O EV5 chega em julho e o EV9, que ganhou muitos prêmios, como o de carro mundial do ano, em setembro. A expectativa é que agradem ao consumidor e sejam competitivos. A Carnival (minivan grande) com motor a combustão, voltará a ser vendida. Tivemos que fazer a adaptação do motor à legislação brasileira, o que levou dois anos. É um carro sem concorrentes e atende a famílias grandes de alto padrão. Já tem fila de espera. 

Qual a sua avaliação sobre o mercado brasileiro atual? 

O mercado brasileiro mudou muito com a tendência de descarbonização, abrindo-se não só para os chineses, mas para outros concorrentes. O ano não está sendo fácil, mas nós temos uma vantagem: a experiência de 32 anos. Conhecemos as peculiaridades do Brasil e temos o respaldo e a confiança de uma clientela fiel. 

Qual a sua visão sobre o aumento no imposto de importação?

O híbrido e o elétrico já são mais caros na origem. Quem está montando fábrica no país não é taxado. É uma vantagem que não temos. Mas não é a primeira vez que passamos por isso. Em 1995, a Besta (van de transporte de passageiros) era um sucesso e, de uma hora para outra, o imposto subiu de 20 para 70%. Eu já tinha um lote no porto de Vitória. Vendemos todas elas a um preço que apenas pagava o financiamento junto ao banco e sobrevivemos.

Conte-nos algum momento marcante nesses 32 anos de Kia.

Falando em aumento de imposto, em setembro de 2011, houve o aumento de 30 pontos no IPI dos carros importados, e veio o burburinho: a Kia vai sair do Brasil. Eu precisava mostrar que estávamos comprometidos. Compramos os naming rights da Copa do Brasil de 2012, que virou Copa Kia do Brasil, e patrocinamos o Palmeiras. E, nessas coincidências da vida, não é que eles foram campeões do torneio? Fui para o estádio no ônibus do time, entrei no gramado antes do jogo e depois participei da entrega das medalhas. Inesquecível. 

“O mercado brasileiro mudou muito com a tendência de descarbonização, abrindo-se a chineses e outros concorrentes.”

José Luiz Gandini

Para você, qual o carro mais emblemático na história da Kia no país? 

A Besta foi marcante, pois foi com ela que começamos. Mas eu adoro o Sportage, um sucesso com os clientes. Ele é muito especial para mim. Prova disso é que eu tenho todas as cinco gerações expostas aqui, na sede. 

Conte mais sobre o Gandini Centro Tecnológico

É uma iniciativa que não tem nada a ver com a Kia. É um laboratório de testes de homologação de veículos, o único do Brasil que atende a todos os tipos, incluindo 4×4, híbridos e elétricos. A demanda está uma loucura. Estamos operando sete dias por semana, em três turnos. Atendemos a quase todas as marcas do mercado e vamos ampliar as instalações para duplicar a capacidade de trabalho.