O brasileiro Cristiano Amon assumiu como CEO da big tech em 2021
Cristiano Amon, engenheiro eletricista formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é hoje um dos grandes nomes da tecnologia global. Nascido em Campinas (SP), Amon assumiu, em 2021, o cargo de CEO da Qualcomm, uma das maiores e mais influentes empresas de semicondutores do mundo, sendo responsável por acelerar a transformação da companhia em um momento crítico da indústria.
A trajetória de Amon na Qualcomm começou em 1995, como engenheiro de projetos. Daí em diante, ele construiu uma sólida carreira na empresa, ocupando posições estratégicas e técnicas. Antes de se tornar CEO, Amon foi presidente da Qualcomm Incorporated, em 2018, liderando iniciativas fundamentais para o avanço do 5G, além de comandar a divisão QCT (Qualcomm CDMA Technologies), responsável pelos negócios de semicondutores e pela popular plataforma Snapdragon.
“Nunca imaginei, quando me formei, que chegaria até aqui”, disse o executivo em 2021, quando assumiu a principal posição de comando na empresa. Na época, seu desafio era a implementação do 5G ao redor do mundo, principalmente porque a tecnologia transformou a indústria de aparelhos wireless e smartphones, trazendo novas oportunidades de crescimento e diversificação para a empresa.
Na mesma época, ao assumir o cargo de CEO, ele também teve de lidar com o cenário global daquele momento: a pandemia de Covid-19 e a crise de fornecimento de chips. A Qualcomm teve de se adaptar rapidamente às mudanças de mercado e superar gargalos logísticos. Para Amon, a escassez de semicondutores também serviu para reforçar a importância estratégica da tecnologia. “Se há algo positivo nessa crise, é que hoje se entende a importância deles para o funcionamento da sociedade”, disse o executivo.
Sob sua liderança, a Qualcomm deixou de ser vista apenas como fornecedora de chips para celulares e se estabeleceu como potência nos segmentos de inteligência artificial, automotivo, computação pessoal, Internet das Coisas (IoT) e realidade estendida (XR). O objetivo claro de Amon é diversificar o portfólio da empresa e diminuir a dependência do mercado de smartphones.
Essa estratégia já traz resultados concretos. No terceiro trimestre fiscal de 2024, a Qualcomm apresentou receita de US$ 9,4 bilhões, um crescimento de 11% em relação ao mesmo período de 2023. O lucro líquido foi de US$ 2,1 bilhões, um avanço de 18%. O segmento automotivo, uma das apostas recentes da companhia, registrou um faturamento recorde de US$ 811 milhões — alta de 87% ano a ano.
Foco em Inteligência Artificial
Atualmente, o principal objetivo da Qualcomm é levar a inteligência artificial para os dispositivos finais – conceito conhecido como “AI on the edge”. A ideia é integrar capacidades de IA junto às experiências Snapdragon, diretamente em produtos como smartphones, PCs e sistemas automotivos, sem a necessidade de depender exclusivamente da nuvem. O lançamento da linha Snapdragon X Elite, voltada para computadores, é um exemplo dessa aposta: os novos chips combinam alta potência de processamento, conectividade 5G e IA embarcada, representando um novo passo na computação pessoal.
Segundo Amon, “a IA vai resetar o mercado e trazer novas oportunidades”, porque a tecnologia está transformando a maneira como as pessoas interagem com aplicativos e dispositivos. “As máquinas agora podem entender a linguagem humana, o que muda nossa percepção de aplicativos hoje”, diz o executivo.
A Qualcomm não será apenas líder em chips para smartphones, mas protagonista na era da computação inteligente. É assim que Amon enxerga o futuro da companhia. A IA democratizada é uma revolução que já está acontecendo, e transforma não só dispositivos, mas também as interações do cotidiano. Amon complementa afirmando que “não é algo para daqui alguns anos, já estamos vendo essas mudanças acontecerem e impactarem o nosso dia a dia”.