Alfredo Trindade, da Ecco Planet Consulting, explica como a internacionalização tem funcionado como escudo contra volatilidade cambial, alta tributação e incertezas políticas no Brasil
Por Colaboração
Instabilidade econômica, oscilações cambiais e insegurança jurídica têm levado um número crescente de empresas brasileiras a transferir parte de suas operações para os Estados Unidos. A estratégia, segundo especialistas, deixou de ser apenas uma via de expansão de mercado para se tornar também um mecanismo de mitigação de riscos. “Empreender nos EUA tem sido uma forma eficaz de blindagem contra as incertezas do ambiente de negócios no Brasil”, afirma Alfredo Trindade, CEO da Ecco Planet Consulting, consultoria sediada na Flórida que já conduziu mais de 2 mil projetos de internacionalização.
Com 25 anos de experiência no setor, Trindade destaca que o movimento não se limita a grandes corporações. “Hoje, vemos desde pequenas startups até empresas familiares estruturando operações nos EUA como forma de preservar receitas e acessar mercados mais estáveis.”
A atuação direta nos pólos de negócios de Miami e Orlando, aponta que a estabilidade da moeda, o acesso facilitado ao financiamento e as vantagens tributárias estão entre os principais atrativos para as empresas brasileiras. Segundo Trindade, operar em dólar amplia o poder de planejamento financeiro e reduz a exposição a crises internas.
Dados da SelectUSA, programa do governo norte-americano para atração de investimentos estrangeiros, mostram que o Brasil foi o 12º maior investidor direto nos EUA em 2024, com aportes que superaram US$20 bilhões. O movimento também é acompanhado por estados norte-americanos, que têm disputado a instalação de empresas brasileiras oferecendo incentivos fiscais, suporte jurídico e facilidades logísticas.
Além disso, o ambiente regulatório norte-americano é visto como mais previsível. “Nos EUA, o empreendedor sabe com clareza quais são as regras do jogo. Isso permite estruturar estratégias de médio e longo prazo com mais segurança”, explica o executivo. Ele observa ainda que o país oferece uma porta de entrada natural para outros mercados consumidores, com especial destaque para América Latina e Europa.
Trindade reforça que a decisão de internacionalizar exige planejamento. Entre os principais erros cometidos por empresários brasileiros, ele cita a ausência de estudo de mercado, despreparo para adaptar produtos ao perfil do consumidor americano e desconhecimento sobre a legislação local. “Não basta apenas ter capital e vontade. É necessário entender profundamente o funcionamento do novo ecossistema para reduzir riscos e aumentar as chances de sucesso”, afirma.