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Esfera Brasil reúne líderes da política nacional em seminário em São Paulo

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Esfera Brasil reúne líderes da política nacional em seminário em São Paulo

Organizado pela Esfera Brasil, o Seminário Brasil Hoje reuniu grandes nomes da política do Brasil nesta segunda-feira (25)

Por Redação

O Seminário Brasil Hoje, organizado pelo grupo Esfera Brasil, reúne nesta segunda-feira (25) grandes nomes da política nacional no Palácio Tangará, em São Paulo, para discutir economia, inovação, regulamentação das redes sociais e o atual cenário eleitoral.

A abertura do evento contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que defenderam três pilares fundamentais: responsabilidade fiscal, reduzindo gastos, modernizando o orçamento e enxugando o tamanho do Estado a partir de exemplos internacionais de sucesso; segurança pública, com a adoção de leis mais firmes, a elevação do custo do crime e maiores investimentos em tecnologia para garantir tranquilidade à população; e inovação e tecnologia, com a utilização de inteligência artificial, blockchain e novas ferramentas para tornar a gestão pública mais eficiente, produtiva e voltada para o cidadão.

Ambos ainda ressaltaram que o Brasil precisa unir forças políticas e empresariais para transformar seu imenso potencial em prosperidade real para a população. Ricardo Nunes ainda citou o histórico leilão de CEPACs em São Paulo, que arrecadou R$ 1,668 bilhão, como exemplo de como a segurança institucional atrai investimentos. Já Tarcísio enfatizou que a política externa deve ser pragmática, equilibrando relações com China e Estados Unidos para não afastar investimentos e condenar o país ao atraso.

Ainda na abertura do evento, Camila Camargo Dantas, CEO da Esfera Brasil e do Instituto Esfera, destacou que a crise tarifária com os EUA não deve ser tratada como confronto, mas como um teste à maturidade política e econômica do Brasil. Ela ainda destacou cinco eixos centrais para o futuro brasileiro: fiscal, apontando que a arrecadação recorde mostra que o problema não está na receita, mas na qualidade do gasto; monetário, já que a Selic em 15% trava crédito e investimentos, fazendo com que só seja possível reduzir juros de forma consistente com disciplina orçamentária; institucional, com o fortalecimento das agências reguladoras garantindo previsibilidade e atraindo capital estrutural e trabalho; estrutural, pois as falhas logísticas e de infraestrutura custam 3%, tornando o investimento em corredores logísticos, energia e digitalização uma condição para crescer; e trabalho, sendo preciso investir em qualificação, inclusão digital e novas formas de contratação. Por fim, ela lembrou que o país tem escala, talento e recursos, mas falta disciplina para transformar diagnósticos em ação.

Os fundadores do estudiobola, Flavio Borsato e Mauricio Lamosa. Foto: Divulgação

Os painéis

O primeiro painel do Seminário Brasil Hoje, intitulado de Lideranças Partidárias e o Brasil de 2026, foi conduzido pela CEO Camila Camargo Dantas e mediado pelo jornalista Márcio Gomes. Lideranças partidárias, como Gilberto Kassab (presidente do PSD), Antônio Rueda (presidente do União Brasil), Baleia Rossi (presidente do MDB), Renata Abreu (presidente do Podemos) e Valdemar Costa Neto (presidente do PL), debateram o papel dos partidos e das instituições na disputa eleitoral do próximo ano.

O tom geral foi de responsabilidade, união e modernização, com o recado de que o Brasil precisa superar disputas ideológicas para construir um projeto nacional sólido para 2026. Os participantes também ressaltaram a importância de transparência total no uso dos recursos públicos, do combate à corrupção e da adoção de reformas como o voto distrital, que aproxima representantes da sociedade.

Na sequência, Márcio Elias Rosa (MDIC), Nelson Jobim (ex-ministro do STF e da Defesa) e a economista Zeina Latif participaram do segundo painel, Poder, Capital e Confiança num Mundo Globalizado. Eles falaram sobre o reposicionamento dos Estados Unidos na geopolítica mundial e os efeitos do “tarifaço” de Donald Trump.

O trio reforçou que o “tarifaço” é apenas a face mais visível de um reposicionamento estratégico dos EUA, que pode afetar toda a dinâmica do comércio mundial. Para o Brasil, o desafio é negociar com firmeza, preservar seu espaço e investir em competitividade e inovação para não perder terreno na nova ordem global.

O Voto, Voz e Redes: Entre Opinião e Decisão foi o terceiro painel, onde foi defendida a regulação das redes para a proteção da democracia, a garantia de pluralismo e a necessidade de responsabilizar plataformas, sem abrir espaço para censura. O senador Alessandro Vieira (MDB) e os deputados federais Rubens Pereira Júnior (PT), Orlando Silva (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSL) foram os participantes.

No oitavo painel, Brasil 360º: Estratégia, Mercado e Inovação, Isaac Sidney (FEBRABAN), Roberto Campos Neto (Union Bank), Marcos Pinto (Ministério da Fazenda), Marcos Lisboa (ex-presidente do Insper) defenderam credibilidade fiscal, menos crédito subsidiado e reformas microeconômicas para destravar a produtividade e atrair investimentos. Isaac Sidney ainda destacou que o Brasil tem quase R$ 7 trilhões de crédito em circulação, mas o custo médio (ICC) é 31–32% ao ano. Spreads refletem inadimplência, judicialização, ineficiências e a cunha fiscal sobre a intermediação financeira.

“Se não fizermos, do ponto de vista fiscal, uma revisão profunda — e digo profunda mesmo — continuaremos presos a questões imutáveis, como mencionou Marcos Pinto, relacionadas ao custo da atividade salarial, entre outras. É preciso um pacto. Aqui estão representados os três Poderes. O próprio Marcos citou o peso do Judiciário em proporção ao PIB, que é desproporcional em comparação com outros países. Ou paramos e colocamos um freio de arrumação, ou vamos esticar a corda até que ela se torne insustentável na trajetória da dívida, como já alertou Roberto Campos”, afirmou o presidente da FEBRABAN.

“Não há outro caminho. Não adianta olhar para o governo de plantão ou para o Congresso de plantão. O problema é maior. O Judiciário tem a questão da vitaliciedade, por exemplo. O empresariado, por sua vez, também usufrui de renúncias fiscais. Portanto, não é simples apontar o dedo apenas para o governo, para o Congresso ou para o Judiciário. Todos têm responsabilidade. É preciso sentar, medir o tamanho do buraco e reconhecer que ele não pode mais se ampliar. Sabemos o que deve ser feito. O modelo fiscal atual é insustentável, tanto pelo lado da receita quanto pelo lado da despesa. O problema é conhecido. O que falta é coragem para enfrentá-lo”, completou Isaac Sidney.