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O novo ativo estratégico do luxo: por que o tempo se tornou o diferencial mais valioso das viagens de alto padrão

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O novo ativo estratégico do luxo: por que o tempo se tornou o diferencial mais valioso das viagens de alto padrão

O luxo como retorno sobre tempo, não sobre investimento

Por Amélia Whitaker

Retrato de Divulgação

Em um mercado de hospitalidade cada vez mais competitivo e saturado de ofertas semelhantes, uma tendência vem ganhando protagonismo entre viajantes de alto poder aquisitivo: o desejo por tempo. Não o tempo medido pelo relógio, mas aquele vivido com qualidade, contemplação e presença. O novo luxo, antes ligado a excessos e ostentação, hoje se manifesta na capacidade de desacelerar.

Esse movimento tem sido observado em destinos que entenderam que a sofisticação contemporânea não está em amenities extravagantes, e sim em experiências que devolvem às pessoas o que lhes falta: espaço mental, silêncio e atenção plena. É nesse contexto que surgem o Loft e a Villa Bom Jardim, dois refúgios sensoriais da família Sandi em Paraty. Inspirado pelo mesmo DNA criativo que deu origem ao emblemático Sandi Hotel e ao Quadrado Mágico, o projeto traduz o que CEOs e executivos mais buscam em suas pausas e que raramente encontram: tempo com significado.

Onde o tempo desacelera por intenção, não por acaso

Suspenso sobre o mar, o Loft Bom Jardim é uma antiga casa de barcos convertida em um espaço de contemplação. Sua arquitetura transparente, composta por fachadas de vidro, decks flutuantes, sauna e jacuzzi, integra-se à natureza de forma orgânica. Nada é supérfluo. Tudo é sensorial. A madeira de demolição, os tecidos crus, a luz natural e o som das ondas criam um ambiente que silencia o excesso e privilegia o essencial.

A Villa Bom Jardim ocupa um terreno de 30 mil metros quadrados, com seis suítes, jardim privativo e vista permanente para o mar e para a Mata Atlântica. O espaço foi pensado para rituais simples, porém potentes, como conversas longas, um mergulho sem pressa ou o hábito perdido de observar o pôr do sol sem olhar o celular.

Para um público acostumado à hiperconexão, o valor está justamente na possibilidade de desconectar.

Serviço que antecipa necessidades, um diferencial competitivo

A hospitalidade da Villa e do Loft é conduzida por uma equipe completa formada por cozinheira, copeiro, marinheiro e arrumadeira. A proposta é simples e sofisticada: o hóspede não precisa decidir, apenas estar. Em um mundo corporativo onde decisões constantes geram fadiga, a ausência de esforço se transforma em uma forma poderosa de luxo.

Esse é um insight relevante para líderes do setor. A excelência operacional não está apenas em oferecer mais, e sim em retirar fricções. Em ambientes de alto padrão, conveniência emocional tem tanto valor quanto conveniência material.

A visão por trás do projeto

Sandi Adamiu, idealizador do Bom Jardim, explica que tudo nasceu de um desejo pessoal de criar um lugar onde sua própria família pudesse desacelerar. Só depois a ideia se expandiu para receber hóspedes. “Era para ser um espaço de presença, calma e encantamento”, afirma.

Essa autenticidade é parte do que torna o projeto relevante. Em um segmento em que experiências artificiais perdem força, iniciativas com propósito real conectam melhor com o viajante contemporâneo.

O luxo como retorno sobre tempo, não sobre investimento

Do ponto de vista estratégico, o surgimento de destinos com essa proposta revela uma mudança profunda no comportamento de consumo. O cliente de alto padrão valoriza narrativas que o ajudem a resgatar equilíbrio e não a acumulá-lo. Busca vivências que diminuam a velocidade da mente, não apenas da agenda.

Nesse sentido, o Loft e a Villa Bom Jardim não vendem hospedagem. Vendem tempo de qualidade, um dos bens mais escassos da era digital. E, para um público formado por CEOs e empresários, essa é talvez a moeda mais desejada.

No fim, o novo luxo não está em possuir mais. Está em viver melhor. Em ter tempo e escolher usá-lo de forma bonita, humana e inteira.