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Cloud Dancer: o que a cor de 2026 representa, segundo especialista

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Cloud Dancer: o que a cor de 2026 representa, segundo especialista

Especialista Symone Rech, fundadora da plataforma de tendências New & Now, analisa escolha do tom branco como contrapeso estratégico às cores saturadas do Verão 2027

Foto de Symone Rech/Divulgação

A Pantone anunciou a Cloud Dancer como a Cor do Ano de 2026. A escolha movimenta análises sobre seu impacto estratégico no mercado de moda e a Pantone descreve o Cloud Dancer (PANTONE 11-4201) como um branco vaporoso, imbuído de serenidade, que convida ao verdadeiro relaxamento e foco, permitindo que a mente vagueie e a criatividade respire. Desde 2000, a empresa escolhe a cor que simboliza as tendências de moda, design e cultura. Em 2025, foi escolhida a Mocha Mousse; em 2024, Peach Fuzz; e em 2023, Viva Magenta.

Para Symone Rech, especialista em negócios de moda e fundadora da plataforma de tendências New & Now, a decisão está longe de ser casual. “A escolha da cor do ano nunca é aleatória. Ela nasce de movimentos profundos que observamos há meses nas ruas, no varejo internacional e no comportamento de consumo”, afirma a especialista. Segundo ela, o momento atual aponta para uma busca global por suavidade, por paletas que reduzam o ruído visual e tragam foco ao consumidor.

“É importante entender que a escolha da cor do ano não tenta representar toda a paleta de uma temporada. Na pesquisa global, especialmente no eixo Europa-EUA, vemos simultaneamente dois movimentos acontecendo: uma explosão de cores saturadas para o Verão 27 e, em paralelo, uma busca por tonalidades mais suaves que trazem equilíbrio a esse excesso”, — Simone Rech.

Cloud Dancer, a cor do ano de 2026. Foto: Pantone https://www.pantone.com/

A cor chega em um momento aparentemente contraditório. Enquanto as passarelas do Verão 2027 exibem explosões de cores saturadas e vibrantes, especialmente no eixo Europa-EUA, a Pantone aposta em um tom suave e neutro. O paradoxo, no entanto, é apenas aparente. “Essa cor não chega para ser tendência passageira, mas para reorganizar o olhar, ela se encaixa em coleções que precisam equilibrar desejo e vendas”, explica Symone. A fundadora da New & Now destaca que a cor do ano cumpre uma função específica no sistema de moda, diferente das tendências observadas nas passarelas.

Contrapeso estratégico

A análise de Symone Rech posiciona o Cloud Dancer como um elemento de equilíbrio dentro do ecossistema da moda. Longe de competir com as cores vibrantes das coleções, a cor do ano atua como complemento estratégico. “Por isso, a cor do ano não chega para substituir o que vemos nas passarelas, ela chega para contrapor. É um contrapeso estratégico”, reforça. Para ela, o mercado depende dessas duas forças atuando em conjunto para construir coleções comercialmente viáveis e esteticamente relevantes.

Na análise de mercado, a especialista destaca que as marcas precisam equilibrar diferentes necessidades: impacto visual, renovação constante e produtos com maior vida útil nas araras. “As cores saturadas trazem desejo, impacto visual e renovação de vitrine. A cor do ano, mais suave e estabilizadora, garante coerência no mix, costura paletas distintas e cria produtos de maior longevidade”, analisa Symone.

Aplicação técnica

Do ponto de vista técnico, a fundadora da New & Now observa que o Cloud Dancer se destaca pela versatilidade. A cor funciona como tom de transição, conectando-se especialmente bem a superfícies foscas, algodões premium, tricôs finos, couro claro e jeans limpos — materiais que dialogam com a proposta de suavidade e toque calmante.

Em calçados e acessórios, a aplicação ganha contornos estratégicos. A especialista aponta que a cor demonstra potencial quando posicionada como ponto de neutralidade entre dois tons vibrantes, funcionando como elemento que facilita a leitura visual da cartela de produtos. “Como trend forecaster, eu observo sempre a função da cor no sistema. E aqui, o papel é claro, equilibrando, harmonizando e estendendo a vida útil das palhetas intensas do Verão 27. Não é oposição. É complemento”, completa a especialista, reforçando a visão sistêmica da escolha da Pantone.