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O adeus a Carlos da Câmara Pestana, ex-presidente do Itaú

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O adeus a Carlos da Câmara Pestana, ex-presidente do Itaú

Presidente do Itaú Unibanco de 1990 a 1994, Carlos da Câmara Pestana faleceu aos 93 anos de idade

Por Redação

Foto memoriaitausa.com.br

Presidente do Itaú Unibanco de 1990 a 1994, Carlos da Câmara Pestana faleceu no último sábado (21) aos 93 anos. Milton Maluhy Filho, atual CEO do banco, anunciou a morte por meio de uma publicação no LinkedIn.

“Com profundo pesar, nos despedimos hoje de Carlos da Câmara Pestana, um dos maiores nomes da história do Itaú Unibanco e do setor bancário. Dr. Câmara Pestana foi mais do que um executivo brilhante: foi um verdadeiro mentor de gerações, um arquiteto de valores e um exemplo de liderança ética, estratégica e humana. Sua trajetória é marcada por coragem, visão e uma capacidade rara de transformar desafios em oportunidades”, escreveu.

“Dr. Câmara Pestana deixa um legado que transcende resultados: ele moldou a cultura, inspirou pessoas e ajudou a construir uma instituição sólida, ética e preparada para o longo prazo. Sua memória viverá em cada valor que cultivamos aqui no banco e em cada decisão que tomamos com responsabilidade e visão de futuro. À família e amigos, nossos sentimentos mais sinceros. A todos que tiveram o privilégio de conviver com ele, fica a admiração e a gratidão eternas”, completou.

Carlos da Câmara Pestana. Foto: memoriaitausa.com.br

Da Europa para o Brasil

Carlos da Câmara Pestana nasceu em Paços D’Arcos, em Portugal, no dia 27 de julho de 1931. Formou-se em Direito em 1955 pela Universidade Clássica de Lisboa, mas logo se apaixonou pela economia e fez pós-graduação em ciências político-econômicas. Em 1957, foi indicado para o Ministério do Ultramar, participando das rediscussões do Mercado Comum Europeu. Aos 43 anos, já era presidente do maior banco de Portugal, o Banco Português do Atlântico, e presidente da Associação dos Bancos Portugueses.

Em 1974, no entanto, sua vida mudou radicalmente. Com a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal e estatizou o sistema financeiro, o executivo veio para o Brasil. Inicialmente, procurou uma oportunidade no Unibanco, mas não obteve sucesso. Na sequência, fez contato então com o diretor regional do Itaú no Rio de Janeiro na época, Roberto Rocha Azevedo, que agendou uma reunião com o então presidente do banco, José Carlos Moraes Abreu. Em 1975, foi contratado na área comercial como chefe de departamento, cuidando de um grupo de 20 agências.

Cinco anos depois, Carlos da Câmara Pestana participou da reestruturação administrativa do banco, que criou a diretoria executiva, e da oficialização dos princípios do Grupo Itaú, ao lado de Olavo Setubal, Moraes Abreu e Cupertino. Durante a hiperinflação dos anos 1980, tornou-se diretor. Em 1989, foi convidado por Olavo para assumir a presidência do banco, aceitando com a condição de ser para preparar Roberto Setubal para o cargo.

Pouco antes da posse, em março de 1990, ambos tiveram de lidar com o Plano Collor. Durante sua gestão, Câmara Pestana teve papel fundamental na preparação do banco para a queda da inflação, que veio finalmente em 1994 com o Plano Real, cortando custos e equilibrando as receitas. No mesmo ano, ele transferiu a presidência do banco para Roberto Setubal e tornou-se membro do Conselho de Administração do Itaú.

Com a morte de Olavo Setubal em 2008, Carlos da Câmara Pestana assumiu a presidência do Conselho de Administração do banco, cargo que ocupou até 2009, logo após a fusão, continuando depois como membro. De 2011 a 2015, foi presidente do Conselho de Administração da Itaúsa.