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Além do Dia da Amazônia: a urgência de ações que durem o ano inteiro

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Além do Dia da Amazônia: a urgência de ações que durem o ano inteiro

Fabio Seixas, fundador do Festival Path, reflete sobre a importância de transformar eventos pontuais em plataformas de impacto contínuo

Colaboração Fabio Seixas, fundador do Festival Path

No dia 5 de setembro foi celebrado o Dia da Amazônia. Mas há uma realidade incômoda das datas comemorativas: elas nos dão a ilusão de que estamos fazendo a nossa parte, quando na verdade apenas tocamos na superfície de questões que exigem comprometimento de longo prazo.

Como fundador do Festival Path, aprendi ao longo de uma década que a transformação real não acontece em dois dias de evento. Ela nasce quando criamos plataformas de impacto contínuo, quando conectamos pessoas além do momento de inspiração e quando transformamos ideias em ações concretas que perduram no tempo.

Minha relação com a Amazônia não começou com o Path. Sou manauara, a floresta está literalmente no meu DNA. Mas como alguém que saiu de lá aos 15 anos para empreender em Miami, depois passou por Salvador, Rio e São Paulo, foi preciso um processo de reconexão para entender a verdadeira complexidade desta região que vai muito além das imagens que consumimos na mídia. Sempre busquei conexões genuínas com territórios que desafiam nossa percepção de mundo, já cruzei o Atlântico de veleiro e escalei o Kilimanjaro. Mas foram os últimos anos, através do Path Amazônia, que redescobri minha terra natal com olhar de quem une propósito, inovação e impacto social.

Lá, produzimos documentários que revelam histórias não contadas, mergulhamos em comunidades ribeirinhas e entendemos que preservação ambiental é inseparável de desenvolvimento social. Foi dessa imersão que nasceu um dos projetos dos quais mais me orgulho – a construção de duas escolas ribeirinhas no Rio Negro, em parceria com a Fundação Almeida Malaquias.

Não foram escolas construídas no Dia da Amazônia. Foram meses de planejamento, recursos mobilizados, parcerias estruturadas e, principalmente, escuta ativa das comunidades locais, feita brilhantemente pela Fundação e nós tivemos a oportunidade de navegar juntos e colaborar um pouco com esse projeto tão grandioso a convite do Ruy Tone. Porque inovação real não é impor soluções – é co-criar com quem vive a realidade que queremos transformar

Hoje, compreendo que construímos algo ainda mais representativo, o Path é uma plataforma que conecta inovação, criatividade e impacto social 365 dias por ano. Os dois dias de festival são apenas a ponta do iceberg.

Todas as edições, incluindo uma especialmente sobre a Amazônia, existiram porque entendemos que os grandes desafios do nosso tempo não cabem em dois dias de programação. Eles exigem ecossistemas de colaboração permanente, onde empreendedores, artistas, ativistas e pensadores se encontram não apenas para palestrar, mas para construir juntos.

Para o Path 2025, nossa 10ª edição, decidimos incorporar conteúdos relacionados à COP30. Não porque é trending topic, mas porque acreditamos que quem não conseguir ir a Belém merece acesso aos debates sobre o futuro climático do planeta. Estamos criando pontes, não apenas eventos.

Quando vejo o Dia da Amazônia chegando e passando, penso nos 364 dias restantes do ano. Penso nas crianças que estudarão amanhã nas escolas que ajudamos a construir. Penso nos documentários que continuam sendo produzidos, nas conexões que facilitamos entre empreendedores sociais e investidores, nos projetos que ganharam mais luz em nossas experiências e hoje impactam milhares de pessoas.

Neste Dia da Amazônia, meu convite não é para que você compartilhe mais um post consciente. É para que você se pergunte: que ação concreta posso tomar amanhã? E depois de amanhã? E no mês que vem?

Talvez seja investir em projetos socioambientais. Talvez seja repensar os valores da sua empresa. Talvez seja simplesmente escolher marcas que demonstram compromisso real com a preservação. Ou quem sabe, se juntar a nós no Path 2025, onde 500 atrações debaterão não apenas os problemas, mas principalmente as soluções.

O Festival Path nasceu da crença de que encontros transformadores podem mudar trajetórias individuais e coletivas. Mas só descobrimos nosso verdadeiro potencial quando paramos de pensar em eventos isolados e começamos a construir movimentos permanentes e convergentes.