A ideia “value investing”, uma filosofia de investimento de longo prazo que busca ações subvalorizadas e negociadas abaixo do seu valor intrínseco, já existia. Mas Buffet fez com sucesso e por muito tempo
Por Michael J. de la Merced, Maureen Farrell and Lauren Hirsch via New York Times*
A abordagem de Warren E. Buffett para investimentos é enganosamente simples.
“Esqueçam o que vocês sabem sobre comprar negócios justos a preços maravilhosos; em vez disso, comprem negócios maravilhosos a preços justos”, escreveu Buffett certa vez aos acionistas da Berkshire Hathaway, seu conglomerado empresarial.
Esse método — conhecido como investimento em valor — já existia muito antes do empresário, agora com 94 anos, iniciar sua carreira. Mas ninguém o fazia tão bem — ou por tanto tempo — quanto ele. E, no processo, ele influenciou gerações de financistas, incluindo magnatas de fundos de hedge de Wall Street, e promoveu o conselho, hoje comum, sobre investir a longo prazo.
Ao longo dos 60 anos em que Buffett controlou a Berkshire Hathaway, ele usou o investimento em valor para transformar uma fabricante têxtil falida em um conglomerado de US$ 1,1 trilhão, uma máquina de aquisição corporativa e um microcosmo da economia americana. Uma das maiores ferrovias dos Estados Unidos? De propriedade da Berkshire. O maior acionista da American Express e da Coca-Cola? A Berkshire também.
O Buffett acumulou uma fortuna pessoal digna de Midas, avaliada em cerca de US$ 168 bilhões, e ao longo do caminho tornou-se o mentor do capitalismo ao estilo americano, sendo requisitado por executivos corporativos e autoridades governamentais na crise financeira de 2008. Esse sucesso incomparável rendeu a Buffett milhões de admiradores em todo o mundo. Dezenas de milhares deles estavam presentes na reunião anual da Berkshire em Omaha, no último sábado (3), quando ele declarou que finalmente planejava deixar o cargo de CEO.
Seu anúncio foi recebido com surpresa e, em seguida, minutos de aplausos estrondosos dos acionistas — muitos dos quais se tornaram milionários por possuírem ações da Berkshire e se apegam a todos os seus aforismos financeiros.
