Daniela Schiller, Flávia Renault e Simone Dutra apresentam “o que nos eleva” no Ateliê Casa Um, em São Paulo
Por Redação
Foto Divulgação
O Ateliê Casa Um, localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo, será palco da exposição “o que nos eleva”, um encontro entre Daniela Schiller, Flávia Renault e Simone Dutra, sob curadoria de Shannon Botelho. A mostra abre nesta quinta-feira (25) e fica em cartaz até o dia 20 de outubro.
A grande maioria das obras presentes na exposição são inéditas, além de traduzirem em suas montagens e composições — pinturas, tecidos, objetos e desenhos — a produção atual de cada uma das artistas.
De acordo com o curador Shannon Botelho, a exposição propõe uma experiência de transcendência que não se define por hierarquias ou verticalidades, mas pela partilha sensível, feita de afeto e contemplação. Por meio das obras inéditas e séries recentes, as artistas convidam o público a adentrar territórios em que o invisível se torna forma, a matéria se abre para o espiritual e a arte se apresenta como gesto sagrado, em uma prática de presença e escuta.
“O que eleva é também aquilo que nos move. Neste percurso, o fazer transforma e é transformado. Criadoras e criaturas coabitam o mesmo campo de sentido, num fluxo contínuo de criação e significação”, destaca Shannon.
As obras e as artistas
Arquiteta formada pela FAUUSP, Daniela Schiller explora as diferentes dimensões do universo por meio da pintura, do bordado e de suportes diversos. Em suas obras, o céu se converte em matéria sensível, revelando camadas sobrepostas e profundidades poéticas.
Um dos trabalhos de destaque de Daniela presente na exposição é a obra Duo Nebulosa 5, concebida em dois planos sobrepostos e feita de acrílica sobre algodão e técnicas mistas. Um fundo azul profundo, pintado em nuances que evocam a vastidão do cosmos, no qual se inscrevem pequenos pontos como estrelas luminosas, compõe o primeiro plano. Já o segundo, mais etéreo, traz leveza e movimento. Sobre essa camada, uma nebulosa dourada se expande em manchas orgânicas, lembrando explosões de energia e poeira estelar.
“A intenção é criar um diálogo entre o azul e o dourado, entre profundidade e brilho, no qual o olhar atravessa camadas que sugerem tanto o infinito quanto a delicadeza da matéria”, explica a artista.
Flávia Renault, por sua vez, é graduada em Artes Plásticas pela FAAP e pesquisa as relações entre vida e morte como metáforas de renascimento, com referências à Antroposofia de Rudolf Steiner e à fenomenologia da natureza. Na mostra, ela exibe de seis a dez obras majoritariamente inéditas, incluindo objetos esculturais, colagens, desenhos e pinturas em óleo com bordado.
Com materiais, em sua maioria, orgânicos, como papéis, lãs, linho, linha, sementes e latão, Flávia expõe objetos esculturais que se entrelaçam em suas investigações poéticas sobre memória, espiritualidade e cultura. O contato com as obras convida delicadamente à interlocução entre artista e espectador, humano e divino, e entre o visível e o mistério.
“Acolher a arte, neste caso, é também acolher os encontros e suas infinitas camadas de sentido”, diz o curador Shannon Botelho sobre o trabalho de Flávia.
Por fim, Simone Dutra iniciou sua trajetória nas artes visuais pela fotografia, expandindo-se para colagem e pintura. Sua produção recente dialoga com a tradição construtiva, mas sem buscar a pureza formal: as estruturas emergem como campos de afeto e evocação.
Em “o que nos eleva”, Simone apresenta ao público quatro polípticos e um díptico, trabalhos recentes e inéditos, oriundos de suportes como pintura, cerâmica, madeira pintada e papel sobre madeira. Entre os destaques, está o políptico “habitam em mim” (2025), composto por oito partes em papel sobre madeira. Na obra, memória e geometria se cruzam em narrativas visuais.
Em “o que nos eleva”, Simone apresenta ao público quatro polípticos e um díptico, trabalhos recentes e inéditos, oriundos de suportes como pintura, cerâmica, madeira pintada e papel sobre madeira. Entre os destaques, está o políptico “habitam em mim” (2025), composto por oito partes em papel sobre madeira. Na obra, memória e geometria se cruzam em narrativas visuais.
“A poética de Simone encontra na forma o seu ponto de partida. Suas investigações, embora ressoem com a tradição construtiva, não buscam a pureza da forma, mas a potência evocativa da estrutura. A geometria em seu trabalho não é destino, mas origem”, conclui Shannon.