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Estratégias e negócios, segundo o investidor João Kepler

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Estratégias e negócios, segundo o investidor João Kepler

Eleito por quatro vezes o melhor investidor anjo do Brasil e reconhecido como o melhor do país em economia e negócios, João Kepler será um dos palestrantes do Digitalks 2025

Por Redação

Conhecido por sua atuação no ecossistema de startups e investimentos no Brasil, João Kepler é fundador da Bossa Investimentos e CEO do Equity Fund. Foi eleito por quatro vezes o melhor investidor anjo do Brasil pelo Startup Awards e reconhecido como o melhor do país em economia e negócios pelo Prêmio iBest. Em outubro, ele será um dos palestrantes de destaque no Digitalks 2025, o maior hub de negócios, tendências e inovação da América Latina.

Em entrevista à The President, Kepler trouxe sua visão sobre negócios, falou sobre a importância de eventos de inovação digital como o Digitalks e deixou evidente como sua experiência em temas como equity, nova economia, inovação e empreendedorismo pode ser exemplo para novos investidores e empreendedores.

Em outubro, João Kepler será um dos palestrantes do Digitalks 2025 (Foto: Reprodução/Instagram)

THE PRESIDENT _ Como a experiência da Bossa Investimentos e do Equity Fund com startups de diferentes estágios pode influenciar a visão de empreendedores que buscam internacionalização, um dos focos do Digitalks 2025?

João Kepler – O que a gente aprendeu investindo em centenas de startups em diferentes estágios, desde o anjo até a Série A, é que internacionalizar não é simplesmente traduzir o produto ou abrir um CNPJ lá fora. É entender timing, mercado, cultura e principalmente modelo de negócio escalável. Na Bossa e no Equity Fund, a gente enxerga o negócio como plataforma, se ele resolver um problema real com uma proposta clara e repetível, ele está pronto para ser testado fora do Brasil. Nossa experiência ajuda os empreendedores a anteciparem armadilhas, evitarem os erros mais comuns e criarem pontes estratégicas com players internacionais. No final, não é só sobre ir para fora, é como ir, com inteligência e estrutura.

Considerando o investimento que o Digitalks recebeu, quais são os principais critérios que investidores como a Bossa Investimentos buscam em eventos de inovação digital para apostar em seu crescimento e expansão?

JK – A gente olha três coisas principais: comunidade, consistência e conversão. Primeiro, o evento tem que atrair um ecossistema ativo, não só visitantes, mas criadores, empreendedores, tomadores de decisão. Segundo, precisa mostrar consistência em crescimento e entrega de valor ao longo do tempo. Não basta ser uma edição inspiradora, tem que ter plano, métrica e visão de futuro. E terceiro: conversão real. O quanto aquele evento gera conexões que viram negócios, deals, investimentos? No caso do Digitalks, vimos tudo isso acontecendo. Por isso, investimos.

Além do capital, quais são os tipos de “capital inteligente” que um investidor como você considera mais cruciais para o sucesso e a escalabilidade de startups e negócios digitais no cenário atual?

JK – Hoje, o capital mais valioso não está na conta bancária, está na mesa de discussão. O que a gente chama de “capital inteligente” envolve: acesso a redes estratégicas; mentoria com quem já passou pelo caminho; governança que acelera, não que engessa; suporte em growth, tecnologia e internacionalização; e clareza mental para o fundador, talvez o mais negligenciado. Ajudo muito empreendedor a organizar sua cabeça antes de escalar o negócio. Porque sem isso, nenhuma rodada resolve.

Com a presença de especialistas internacionais no Palco Mundo, quais são as maiores barreiras culturais ou regulatórias que empreendedores brasileiros enfrentam ao buscar investimentos ou expansão global? Como superá-las?

JK – Culturalmente, o brasileiro às vezes tenta se adaptar demais, perde autenticidade. Em contrapartida, o investidor internacional quer ver visão, coragem e clareza. Então, a primeira barreira é a comunicação, não é sobre falar inglês, é sobre falar o que importa. Em termos regulatórios, cada país tem sua complexidade, mas o maior erro é não buscar orientação local. A gente sempre recomenda que o empreendedor tenha parceiros locais ou advisors nativos. E claro, tem que entender que globalizar exige foco. Expansão não é distração, é estratégia. Se não for estruturada, vira vaidade.

Em um ecossistema de inovação que se transforma rapidamente, qual conselho prático você daria a empreendedores que buscam não apenas captar investimento, mas construir uma relação de longo prazo com seus investidores?

JK – Relacionamento com investidor é igual a casamento: começa com química, mas só dura com alinhamento. O conselho é simples: seja transparente, mesmo nas más notícias. Investidor não espera perfeição, espera postura. E mais: envolva o investidor estrategicamente. Use sua rede, peça conselho, compartilhe vitórias e dilemas. Quando o investidor se sente parte da jornada, ele fica. Lembre-se: captar não é vitória. Escalar com inteligência e manter bons sócios ao longo da jornada é o que constrói empresas memoráveis.