Empresários contam como encontram equilíbrio em meio às responsabilidades intensas do mundo corporativo
Por Colaboração
Acostumados a tomar decisões estratégicas, liderar equipes e lidar com pressões constantes, os CEOs também têm um “lado B”. Um território mais íntimo, onde se recarregam para manter o alto desempenho exigido pelo cargo. Cada vez mais, executivos de grandes empresas têm compartilhado a importância de adotar hábitos que ajudem a preservar a saúde física e emocional diante de agendas intensas e metas ambiciosas.
Para muitos, esse equilíbrio passa por atividades que fogem completamente do universo corporativo: meditação, esportes de alta performance, caminhadas solitárias, práticas de ioga, viagens de imersão e até hobbies manuais como cerâmica, jardinagem ou tocar instrumentos musicais. “É nesse intervalo consciente que a mente encontra espaço para descansar e se reorganizar. É justamente ali que surgem os melhores insights”, revela Valter Dal Cin Filho, diretor comercial da Tecline. Há 15 anos, ele concilia a liderança na indústria moveleira com a prática da corrida, esporte no qual participa de provas há cerca de oito anos. Para ele, cada quilômetro percorrido é também uma forma de alinhar pensamentos, renovar a energia e manter o foco diante dos desafios do dia a dia.
A busca por um tempo de qualidade tem ganhado força entre os líderes, que passaram a enxergar a autor regulação emocional como um ativo estratégico. Em vez de sinal de fraqueza, práticas de autocuidado passaram a ser vistas como atitudes de inteligência e coragem. “O autocuidado deixou de ser um luxo. Para quem lidera grandes operações, ele é quase uma condição de sobrevivência”, resume Thayse Freiberger, diretora de marketing do Bell’Arte, uma das marcas mais importantes na fabricação de mobiliário com design assinado.
Foi no universo dos cavalos que Thayse se encontrou de verdade. Desde pequena, enxergava na equitação não apenas um esporte, mas um caminho de escape, liberdade e conexão profunda. Aos 11 anos, aproveitou uma viagem dos pais para, por conta própria, se matricular em um haras da cidade. Esse gesto marcou o início de uma paixão duradoura. Desde então, os cavalos se tornaram parte de sua história. “Montar é, até hoje, um refúgio silencioso onde corpo, mente e emoção se alinham em perfeita harmonia”, comenta a empresária.
Mas Thayse não está sozinha nessa conexão com o universo dos cavalos. Seu irmão, Crystian Freiberger, parceiro na liderança do Grupo Bell’Arte, onde atua como CEO e designer de mobiliário, também encontrou no hipismo um caminho de desenvolvimento pessoal desde cedo.
“Comecei no hipismo rural aos 9 anos, praticando as modalidades de baliza e tambor. Esse esporte foi fundamental para me ajudar a vencer a timidez e enfrentar meus medos”, conta. Entre os maiores feitos dessa trajetória, destacam-se dois títulos nacionais na baliza e um terceiro lugar no tambor. A rotina intensa de treinos e competições se manteve até os 17 anos. Hoje, Crystian divide sua rotina entre a corrida de rua e o tênis de quadra, após experimentar outras modalidades de raquete como o squash e o padel.
Sócio e co-fundador do Estúdio Mula Preta, André Gurgel é conhecido por imprimir criatividade e bom humor ao universo do design. No meio da rotina intensa, encontrou no violão um refúgio afetivo, uma pausa suave entre um projeto e outro. O interesse pela música começou cedo: por volta dos 15 anos, André estudava piano clássico, mas foi nesse período que decidiu migrar para o violão, buscando algo mais intuitivo, portátil e conectado ao seu estilo de vida. Desde então, o instrumento se tornou companheiro constante, ajudando a desacelerar e reconectar com o lado mais sensível da criação.
Seja na prática de esportes de resistência, em fins de semana off-line com a família ou em encontros regulares com mentores e terapeutas, o lado B dos CEOs revela que o sucesso sustentável está diretamente ligado à capacidade de se reconectar consigo mesmo. E, no silêncio do mundo interno, muitos líderes encontram o verdadeiro poder de decisão.