Marcella Cohen detalha os objetivos estratégicos e o posicionamento da nova linha dentro do portfólio da FARM Futura
Por Redação
Foto de Divulgação
A visão estratégica de Marcella Cohen não é acaso. A passagem por empresas globais como Unilever e BAT contribuiu para formar uma empresária com sensibilidade para a construção de marcas. Para além do ambiente corporativo, foi no maternar que encontrou inspiração para compreender, com profundidade, a geração que orienta seu trabalho. Na Fábula, Marcella Cohen lidera o projeto FARM Futura, iniciativa que articula estratégia, criatividade e propósito para a construção de um território de marca atento às transições vividas na infância e pré-adolescência.
THE PRESIDENT_ Como vocês definiram as necessidades desse público de 8 a 14 anos e o que mais se destacou durante a pesquisa com essa geração?
Marcella Cohen — Quando começamos a estudar essa transição dos 8 aos 14, entendemos que não estávamos apenas olhando para uma faixa etária — mas para um modo de existir. É uma fase cheia de tensões e contrastes: autonomia que nasce, vulnerabilidades que aparecem, pertencimento que importa mais do que nunca. Nos aprofundamos em escutas, conversas, rituais do dia a dia, e o que mais chamou atenção foi a clareza emocional dessa geração. Elas sabem dizer do que gostam, o que não querem, o que as incomoda. Têm um senso muito apurado de autenticidade — e rejeitam qualquer tentativa de encaixe pré-fabricado. Também percebemos que essa menina vive em camadas: ao mesmo tempo madura e ainda brincante, conectada e saturada do digital, segura em alguns momentos e frágil em outros. A FARM Futura nasce justamente ao reconhecer essa complexidade — e ao tratá-la com respeito e profundidade.
Como a FARM Futura traduz o equilíbrio entre maturidade e ludicidade sem antecipar etapas?
MC — Crescer, para essa geração, não é uma linha reta — é um movimento cheio de curvas, pausas e acelerações inesperadas. Na FARM Futura, honramos esse intervalo: criamos peças que acolhem a maturidade que surge, mas também celebram o brilho da infância que ainda pulsa. A estética parte de um lugar de leveza com intenção. Não infantilizamos, mas também não levamos para um universo adulto que não faz sentido para elas. É um entre-lugar onde a roupa acompanha quem elas estão se tornando, sem pressa.
Como a marca pensa a moda como ferramenta de autoestima e autocuidado em um ambiente digital tão desafiador?
MC — Se o digital é a praça onde tudo acontece, também é o lugar onde elas mais se sentem observadas. A FARM Futura reconhece que autoestima, para essa geração, precisa ser construída antes da tela — no corpo real, nas relações, no sentir. Por isso, pensamos a moda como um território de autenticidade e acolhimento. Peças que abraçam, que permitem movimento, que devolvem conforto e liberdade.
Como garantir que a FARM Futura seja percebida como um território próprio, e não como uma extensão da FARM Rio ou da Fábula?
MC — A FARM Futura nasce do diálogo entre duas marcas fortes — e isso é uma vantagem estratégica enorme.
Mas desde o primeiro esboço entendemos que esse projeto só faria sentido se fosse um território novo. Trabalhamos o posicionamento a partir da essência da própria geração que inspirou a marca: múltipla, curiosa, com vontade de experimentar sem carregar heranças que não são suas.