O país oriental continua crescendo, apesar do tarifaço norte-americano. A expectativa é de um acordo entre as duas superpotências
Por Charles Andrew Tang*
A demanda crescente por veículos elétricos, a inteligência artificial, o crescimento de energia renovável pelo mundo e o desenvolvimento da robótica. Por si só essas novidades poderiam impulsionar a economia chinesa neste século. Mas há mais. Não há dia em que a China não anuncie uma nova descoberta ou criação científica.
Essa criatividade também foi estimulada em função das tentativas norte-americanas de sufocar o crescimento chinês. A proibição de exportação de chips avançados para a China, bem como da tecnologia de inteligência artificial, fez com que a Huawei produzisse seus próprios chips avançados e a DeepSeek fosse criada.
A China, enfim, foi forçada a criar suas próprias tecnologias. Sem as pressões dos Estados Unidos, provavelmente teria seguido comprando os chips norte-americanos e as tecnologias de inteligência artificial daquele país.
A guerra comercial de tarifas prejudica a China e há interesse em conversar com os EUA para chegar a um acordo de sobrevivência mútua. Todavia, a China não aceita a forma como as imposições norte-americanas estão sendo feitas. Quer conversar de forma diplomática.
As tarifas impostas pelo presidente Trump são, acima de tudo, um imposto sobre o povo norte-americano. Causam inflação na economia dos EUA. Os efeitos irão encarecer os custos para o seu próprio povo e para suas empresas.
Os investimentos nos EUA já diminuíram por falta de políticas estáveis. A instabilidade atual tenderá a enfraquecer o valor do dólar e em breve criará uma recessão econômica norte-americana. Logo as prateleiras estarão vazias no comércio dos EUA.
O presidente Trump compreende isso. Por essa razão, elogiou o presidente Xi Jinping e disse que quer fazer um acordo com o “amigo”.
Enquanto isso, a China prepara a sua economia para aumentar o consumo doméstico e proteger suas empresas chinesas dessa guerra de tarifas. Está determinada a criar políticas econômicas necessárias para manter o crescimento em 5% ao ano. Inovações em processos, melhoramentos incrementais e a robotização nas indústrias permitiram escalas e eficiência de produção com melhora na qualidade e nos custos mais competitivos dos produtos chineses.
O que a China conseguiu na exploração do espaço sideral supera todas as conquistas dos demais países. Mais: o país produziu um número tal de painéis solares que tornou o competitivo o preço da energia solar.
A China, enfim, domina magnetos de terras raras, painéis solares, baterias, telefones celulares, telefonia 6G, UAVs, circuitos de veículos elétricos, equipamentos médicos de imagem, impressoras 3D, circuitos integrados, turbinas eólicas e robotização. Há também progressos em tecnologia militar, como foguetes hipersônicos e o canhão de micro-ondas que dispara 10 mil tiros.
Quem lê revistas científicas constata que cientistas chineses estão na vanguarda das apresentações de química, física, ciência de computação e de materiais, de engenharia e de matemática nos campos essenciais do mundo moderno.
A lista é cada vez maior: IA generativa, vacinas RNA, foguetes reutilizáveis, táxis voadores, veículos autônomos, usinas nucleares usando Thorium para evitar acidentes nucleares como Chernobyl e Fukushima, trens maglev de vácuo, baterias automotivas da BYD que carregam em minutos, computador fototônico de quantum, e a fusão nuclear como fonte ilimitada de energia limpa.
A China está transformando ficção científica em realidade. É assim que sua economia superará a guerra comercial com os EUA para continuar com o seu crescimento econômico. Isso ocorre porque a China investe seu capital no avanço do próprio país. As cidades chinesas são florestas densas de prédios altos e modernos de arquitetura que impressionam. As ruas largas e arborizadas com flores e plantas de suas cidades estão repletas de automóveis elétricos modernos que tornaram os céus — de novo — azuis, quando antes eram cinzas de poluição. As principais estradas chinesas são de oito pistas. Em poucos anos, o país construiu mais quilômetros de trem-bala do que o mundo inteiro.
Mas é preciso deixar claro que o presidente Xi Jinping estará totalmente aberto a conversar com o presidente Donald Trump para que a imposição unilateral de tarifas seja substituída por uma diplomacia construtiva. Estamos otimistas quanto a um futuro acordo entre os EUA e a China.
* Charles Andrew Tang é presidente da Câmara de Comércio Brasil-China