Com o boom de medicamentos como Ozempic e Mounjaro, restaurantes e chefs começam a repensar o tamanho e o propósito das porções
Por Amélia Whitaker
O que começou como uma revolução no mundo da saúde agora começa a transformar também a forma como comemos. O boom de medicamentos como Ozempic e Mounjaro, originalmente criados para tratar diabetes tipo 2, mas hoje amplamente usados para controle de peso, está provocando mudanças que vão além da balança, atingindo o próprio ritual da mesa.
Nos Estados Unidos, o movimento já virou tema de reportagens no The New York Times, que mostrou como restaurantes de ponta em Nova York estão adaptando seus cardápios. As grandes porções dão lugar a pratos menores, mais criativos e equilibrados, pensados para um público que mantém o prazer de comer, mas com um novo apetite, literal e simbólico.
E como tudo que nasce lá fora logo encontra eco por aqui, São Paulo já começa a sentir o impacto. Um dos primeiros sinais veio do Janela, espaço de locação para eventos em Pinheiros, conhecido por unir gastronomia e experiência em celebrações sociais e corporativas. A casa lançou recentemente um cardápio de Baby Porções, criado pela chef e nutricionista Paula Cedin, que traduz em pequenas doses o sabor e a sofisticação de um menu completo.
“É uma tendência comportamental. As pessoas estão comendo menos, mas continuam valorizando o sabor e a estética do prato”, explica Paula, que há anos desenvolve menus sob medida para eventos, unindo bem-estar e prazer. No novo cardápio, finger foods e versões mini de pratos clássicos convivem com uma proposta de leveza e cuidado.
Mais do que uma adaptação culinária, o movimento revela uma mudança de mentalidade. Comer bem não é mais sinônimo de fartura, mas de presença, consciência e prazer em cada detalhe. O efeito Ozempic, afinal, já chegou, e o que antes parecia uma transformação no corpo começa a redesenhar também a gastronomia.
O Janela fica em Pinheiros, em São Paulo. Mais informações em @espacojanela.