O gosto
DE TODOS OS SANTOS
gourmet
O gosto de todos os santos
A tradicional moqueca baiana, além de ingredientes específicos, termina o cozimento do peixe já na mesa de serviço. São Paulo acaba de ganhar um restaurante especializado nesta iguaria
Por Raphael Calles
A tradicional moqueca recebe influências indígenas, africanas e portuguesas. A tradicional moqueca baiana, além de ingredientes específicos, como o azeite de Dendê e o leite de coco – este inserido apenas em meados da década de 1940 –, deve chegar na panela de barro que, com seu calor, termina o cozimento do peixe já na mesa de serviço.
E é desse jeito que Ki-Mukeka serve as suas. Em seu cardápio, as opções vão desde a mais tradicional – com tomates, pimentões, cebolas, pimenta de cheiro, temperos verdes, além de, claro, o peixe, o dendê e o leite de coco – a criações vegetarianas e variações com camarão, siri catado, polvo, entre outros.
Isso tudo é obra da matriarca Dona Ivone Oliveira, que deu início ao empreendimento gastronômico há mais de 40 anos lá na Bahia. Ki-Mukeka chegou a São Paulo recentemente, como a primeira unidade do restaurante no Sudeste, este sob o comando de Sara Morais neta de Dona Ivone.
A ideia de Ivone veio a partir de uma viagem a Cabuçu, movimentado balneário de Feira de Santana, na Bahia. Ela não encontrou um lugar adequado para a refeição com a família. Exímia cozinheira e empresária experiente – já havia estado à frente de um restaurante de comida regional em Lençóis, onde nasceu – viu ali em Cabuçu uma boa oportunidade para empreender.
Em pouco meses, nascia naquele balneário o primeiro Ki-Mukeka. A logomarca, um peixe grande com seus peixinhos, representa Ivone e os filhos, uma referência que acabou se concretizando. Tendo parte da família se mudado para Cabuçu, a fim de dar vida ao restaurante, todos os sete filhos se dividiam entre as tarefas, sendo que cada um tinha sua responsabilidade.
Depois, a pedido de muitos clientes, Dona Ivone Oliveira abriu mais uma unidade em Feira de Santana e, na sequência, em Salvador. Com a expansão, os filhos que trabalhavam com ela se dividiram e cada um passou a cuidar de um restaurante.
A cada nova unidade do Ki-Mukeka aberta, era Dona Ivone quem ensinava como cozinhar os pratos que ganharam fama, servir bem a clientela e, também, como cuidar da equipe interna. Com todo cuidado despendido, tanto no preparo, quanto na seleção de ingredientes e no atendimento no salão, o Ki-Mukeka só crescia em popularidade e colecionava clientes.
O cardápio segue além das opções de moquecas. Nas entradas, carajé e abará fazem as honras da casa. Mas há ainda camarão crocante, caldo de polvo e outras iguarias que nos levam direto para a terra de todos os santos. No rol dos principais, a moqueca sertaneja chama a atenção por combinar camarão, queijo coalho e banana da terra. Para sair do lugar-comum, bobó, camarão a parmegiana, salada, versões vegetarianas, infantis e até sem dendê – quem diria? – estão ali para serem apreciadas.
Atualmente, são 4 unidades em Salvador (Itapuã, Armação, Pituba e Salvador Shopping), 1 em Lauro de Freitas, 1 em Camaçari, 2 em Feira de Santana, 1 em Brasília e, agora, a décima unidade chega a São Paulo. Todas elas são comandadas por filhos e netos de Ivone.
A unidade paulistana conta com 100 lugares e funciona na Rua Inácio Pereira da Rocha, em Pinheiros. Seguindo a proposta de trazer um pouco do estado nordestino, a decoração é composta por quadros retratando pontos turísticos de Salvador e, também, adereços que remetem ao território baiano. Logo à esquerda da entrada para o salão principal, os corrimãos da escada que leva ao mezanino já estão repletos de fitinhas do Senhor do Bonfim.
Rua Inácio Pereira da Rocha, 422, Pinheiros
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 11h30 às 16h00