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Uma coisa é certa: os míopes em geopolítica ficarão para trás

Por André Chaves*

Vivemos em uma era marcada por transformações rápidas, conflitos armados, incertezas e tensões que reconfiguram continuamente as dinâmicas de mercado, cadeias de suprimentos e oportunidades de negócios. A capacidade dos CEOs de entenderem os futuros possíveis tornou-se não apenas desejável, mas essencial para a sustentabilidade e competitividade de suas organizações.

Por que CEOs precisam entender a geopolítica?

Historicamente, lideranças corporativas se concentraram em projeções lineares, baseadas em dados e tendências de mercado relativamente previsíveis. No entanto, o ambiente atual exige uma abordagem mais sofisticada. A capacidade de interpretar sinais fracos, megatendências e rupturas diferencia as empresas que reagem das que lideram transformações.

A geopolítica é um componente inescapável. As decisões políticas e os alinhamentos econômicos internacionais moldam as regras: determinam acesso a mercados, regulação de tecnologias, fluxos de capitais e recursos estratégicos. CEOs que negligenciam essas dinâmicas podem ser surpreendidos por restrições comerciais, novas alianças econômicas ou mudanças bruscas no ambiente regulatório.

Foto: Lara Jameson/Pexels

O papel dos BRICS e o impacto do governo Trump 

Nesse panorama, o bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul — recentemente expandido para incluir Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia) assume protagonismo renovado. Os BRICS representam uma força articulada que busca redefinir as regras da governança global, desafiando a centralidade das instituições dominadas pelo Ocidente.

Compreender as dinâmicas internas e a agenda estratégica dos BRICS é crucial. O bloco tem impulsionado iniciativas para reduzir a dependência do dólar, criar sistemas financeiros alternativos e ampliar acordos bilaterais e multilaterais.

Esse movimento se intensificou desde o retorno de Donald Trump ao poder. Sua política externa, marcada por imprevisibilidade, nacionalismo econômico e confrontos diretos com a China, a Rússia e aliados tradicionais, reacendeu tensões comerciais, minou acordos multilaterais e gerou incertezas.

Somado a isso, os atuais conflitos armados ampliam ainda mais a urgência de leitura geopolítica estratégica.

CEOs não podem ignorar esse jogo

As empresas que não incorporarem leitura de cenários e inteligência geopolítica em suas decisões estratégicas correm o risco de obsolescência competitiva.

Mais do que nunca, os CEOs precisarão desenvolver a capacidade de antecipar contextos, identificar oportunidades e tomar decisões considerando não apenas seu setor, mas o ambiente macro.

A capacidade de ler cenários futuros e compreender o mapa geopolítico deixou de ser uma competência restrita a governos e diplomatas. Essa visão é agora diferencial competitivo e requisito de sobrevivência corporativa.

*André Chaves é fundador do Future Hacker e CGO da Leme Growth, consultoria integrada à FuturExperience.