The President

entrevista

O retorno da Vespa

entrevista

O retorno da Vespa

Maurício Fernandes, sócio-diretor do Grupo 2W Motors, fala sobre sua vida sobre duas rodas e a volta da marca italiana ao mercado brasileiro

Por Mario Ciccone

Aos 54 anos, casado e pai de um filho, o engenheiro civil Maurício Fernandes é hoje um dos principais responsáveis pelo retorno da Vespa ao mercado brasileiro. Sócio-diretor do grupo 2W Motors, ele lidera a operação da marca italiana no país. Sua relação com motocicletas começou na infância e se consolidou em uma trajetória marcada por grandes conquistas e pódios — incluindo participações no Rally Paris-Dakar — e no mundo dos negócios. Depois de representar marcas como BMW, Triumph, Royal Enfield, KTM e Husqvarna, ele assume agora o desafio de reposicionar a Vespa como um símbolo de mobilidade urbana com elegância e personalidade, apostando em uma expansão nacional e na conexão cultural entre Brasil e Itália.

THE PRESIDENT _ Fale um pouco da sua paixão por motos.

Maurício Fernandes – Comecei aos 11 anos, quando ganhei minha primeira moto, uma Yamaha Carona 80. Por sempre andar em estradas de terras e trilhas especializei-me no off road. Aos 20 anos, em 1991, fiz minha primeira prova de Trial. Em 1993 participei da primeira edição do Rally dos Sertões. Disputei todas as edições até que, em 1998, resolvi encarar o Paris-Dakar. Fui sem mecânico e sem equipe, fazia tudo sozinho. Corria de dia e fazia toda a manutenção da moto à noite. Passei por alguns perrengues: fui roubado no meio do deserto e obrigado a andar 700 quilômetros sem água. Desmaiei em cima da moto, o que causou um grave acidente. Isso custou-me o baço. Tive de abandonar a prova. 

O que você fazia fora das provas?

MF  Trabalhava como trainee na Sadia. Voltei do Dakar, pedi as contas e resolvi que minha vida seria sobre as duas rodas. Regressei ao Dakar no ano seguinte e terminei em 12º lugar, um grande feito. Acabei sendo contratado pela BMW do Brasil para desenvolver os cursos de pilotagem, onde fiquei até 2011 quando tornei-me concessionário BMW. Foi um ano de muitos desafios, trabalho e conquistas até que em 2012 fui nomeado o primeiro dealer Triumph no Brasil. 

E quais foram as suas grandes aventuras?

MF  Montei a Ayres Adventures, uma empresa sediada no Texas (EUA), com o americano Ron Ayres, para organizar viagens de motos em todo o mundo. Desde o Alaska até o Ushuaia. Continuei competindo em provas nacionais e internacionais. Participei de duas edições do Rally Dakar, dez do Rally dos Sertões (fui campeão em 1994 e 2020), Mundial de Enduro FIM representando o Brasil no International Six Days em 2019 (medalha de bronze), Campeonato Brasileiro de Motocross em 2021 e 2022 e duas participaçoes em uma das provas mais difíceis de Hard Enduro do mundo, o RedBull Romaniacs (em 2024 finalizei em sexto lugar na Iron). 

Como foi a concepção da 2W Motors? 

MF  A 2W Motors surgiu em 2017, quando me associei a meus irmãos, Raul e Marcela, e desfiz da sociedade na Triumph e na BMW. O primeiro desafio foi iniciar no Brasil com a primeira loja Royal Enfield no país, há oito anos. É muito gratificante e nos dá orgulho ver onde a marca chegou. Em 2015 passamos a representar a Husqvarna, conhecida por ser uma marca de excelência e mais focada no off-road. Hoje temos três concessionárias da Royal Enfield (SP), duas concessionárias KTM Motorcycles e Husqvarna (SP e MG), além da representação do Grupo Piaggio Vespa no Brasil. 

Qual o planejamento para a operação da Vespa por aqui?

MF  A Vespa e a Piaggio são marcas premium, de estilo e que se identificam muito com o perfil também premium do grupo. Iniciamos a operação neste ano. Em maio inauguramos uma flagship em Moema e, em agosto, abriremos a segunda também na capital paulista. Ainda neste segundo semestre pretendemos expandir para mais estados. O objetivo é abrir seis lojas da marca no primeiro ano.

Quais são os destaques do line-up da Vespa no Brasil?

MF  O line-up está bem completo, mas eu diria que o destaque são as Vespas de entrada 150cc, uma mais charmosa que a outra, e as Vespas GTS 300, que, além de estilo, esbanjam conforto, performance e tecnologia. Como piloto profissional, fiquei impressionado com o desempenho da Vespa 300. Outro modelo que se destaca é a edição limitada Vespa 946 (em referêcia a primeira Vespa fabricada em 1946). Dentro desses modelos de edição limitada temos a Vespa 946 Dragon, em referência ao calendário chinês, ano do Dragão; a edição Mickey Mouse;  e muitas outras. Das scooters da Piaggio o destaque fica com a MaxiScooter Beverly 400, segura e confortável. O Beverly 400 é uma excelente opção para executivos fugirem do trânsito das grandes capitais. 

A Vespa representa muito um estilo italiano. Existem ações de marketing previstas para aproveitar esta ponte Brasil‑Itália?

MF  Sim. Temos parceria com a Câmara de Comércio Italiana (Italcam) e com marcas de outros produtos italianos, entre outras ações que não necessariamente do público italiano, mas que apreciam o charme da marca Vespa, vamos participar de eventos de beach tennis, moda, festivais gastronômicos, entre outros. 

Qual a expectativa de participação de mercado da Vespa no Brasil?

MF – Queremos fazer um excelente trabalho, oferecendo todo o suporte e um tratamento diferenciado aos clientes, além de um excelente pós-venda. Os clientes da Piaggio e a Vespa sofreram com o descaso por anos no Brasil, o atendimento não estava à altura. Conquistar um resultado comercial positivo, é somente uma questão de tempo.