THE PRESIDENT _ Vocês começaram a trajetória no universo da noite como DJs. Como essa vivência na “linha de frente” — entendendo o público e a dinâmica de consumo — se traduz e influencia a forma como vocês gerenciam os negócios hoje?

Leo Cury – É o nosso DNA. Estar na pista, como DJs, nos deu um entendimento visceral da experiência do cliente. Sabíamos exatamente o que fazia as pessoas ficarem, gastarem e, mais importante, quererem voltar. Transportamos essa visão para a gestão: não vendemos apenas comida ou bebida, vendemos experiência e emoção. Isso nos ajuda a manter o foco em um serviço de excelência, na atmosfera e no relacionamento com o cliente.

Qual foi o momento-chave ou a necessidade que levou à criação do Grupo Idea, transformando casas individuais em um grupo com foco em gestão financeira e operacional?

Renato Cury – Percebemos que estávamos repetindo os mesmos erros e aprendizados em diferentes casas. O setor de entretenimento e food service é famoso pela paixão, mas muitas vezes carece de rigor administrativo. O Grupo Idea nasceu dessa necessidade de profissionalizar a gestão. Queríamos uma holding que centralizasse o back office, o controle financeiro, os contratos e a estratégia, permitindo que os sócios de cada casa pudessem focar no core business: a experiência. Foi a virada de chave de empreendedores para empresários.

O que define a essência e a proposta de valor do Grupo Idea? Qual é a promessa que vocês fazem aos sócios, clientes e colaboradores?

LC – A essência da Idea é a união da paixão com a performance. Nossa promessa aos sócios é a de gestão de resultados, transformando potencial em lucro de forma sustentável. Aos clientes, prometemos uma experiência memorável. E aos colaboradores, oferecemos um ambiente de crescimento e aprendizado contínuo. Somos uma máquina de gestão que permite que a criatividade floresça.

Em suas palestras, vocês costumam falar sobre os erros comuns na gestão. Qual é, na opinião de vocês, o erro que mais “mata” um negócio no food service? E como a Idea ajuda a preveni-lo?

RC – O erro fatal é a falta de clareza e controle financeiro. O empresário gasta o que não tem ou mistura contas pessoais com as da empresa porque não sabe o seu custo real e a sua margem. A Idea entra justamente para blindar isso. Implementamos um controle de custos e DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) em tempo real e criamos uma cultura em que cada decisão é baseada em dados, e não apenas no “achismo” ou no movimento do caixa do dia.

A Idea é reconhecida pela gestão baseada em dados. Qual a importância de medir corretamente os números em uma operação e quais métricas são inegociáveis para a saúde financeira de um empreendimento?

RC – Sem medir, você está no escuro. As métricas inegociáveis para nós são:

– CMV (Custo de Mercadoria Vendida): tem que ser cirúrgico. É onde o dinheiro “some”;

– Ticket Médio: Não basta ter fila, tem que ter eficiência na venda;

– Custo com Pessoal (%): Garantir que a equipe esteja otimizada e que o custo com folha seja proporcional ao faturamento.

A diferença da Idea é que transformamos esses números em ações imediatas para otimizar o resultado.

O portfólio de vocês é diversificado. Como vocês avaliam o potencial de um novo negócio? O que é mais importante: o conceito, o ponto ou a gestão por trás?

LC – Sem dúvidas, a gestão é o mais importante. Um conceito mediano com gestão de excelência tem mais chance de prosperar do que um conceito brilhante com gestão amadora. Avaliamos o conceito para ver se há fit com o mercado e com nosso público. O ponto é fundamental, claro. Mas o selo Idea garante que a operação será robusta, que o planejamento financeiro e a experiência do cliente serão de ponta.

Qual o maior desafio que vocês enxergam para o setor no Brasil nos próximos anos e como a Idea está se preparando para ele?

RC – O maior desafio é a gestão da margem em um cenário de inflação e custos altos. O cliente está mais exigente e a concorrência é acirrada. Estamos nos preparando, investindo pesado em tecnologia de gestão e em treinamento de líderes. Acreditamos que a eficiência operacional máxima é a única forma de manter a rentabilidade sem comprometer a qualidade.

Como a Idea garante que as marcas do grupo permaneçam relevantes e inovadoras em termos de experiência do cliente?

LC – É um trabalho constante de curadoria e escuta. Estamos sempre de olho no que está sendo feito lá fora, mas, principalmente, ouvindo quem está dentro. A inovação não é só digital; é no detalhe, no serviço, na forma como o staff interage. A cultura interna é o que mantém a chama da inovação acesa.

O que podemos esperar do Grupo Idea em termos de novos projetos, expansão ou serviços para o mercado?

RC –  Continuaremos a fortalecer o nosso braço de consultoria de gestão, expandindo nosso serviço para mais parceiros que queiram profissionalizar suas operações. No portfólio de casas, sempre estamos avaliando novas oportunidades em grandes centros, focando em conceitos que tragam um valor de experiência inédito para o público. A Idea está em um momento de consolidação de excelência para um crescimento estratégico e sustentável. Abriremos novas casas até 2026, com novo endereço, mas com as mesmas características. Teremos outras novidades, mas é segredo.

Como definem o sucesso do Reserva Roof Top?

LC – Conexão com a natureza em meio à cidade. Trabalhamos cuidadosamente para resgatar o verde em meio à selva de pedra paulistana, para que o nosso público tenha um momento de respiro do caos urbano e se conecte com a natureza.