Ladrões entraram no Museu do Louvre em plena luz do dia e levaram oito peças da realeza francesa
Por Felipe Novis
Foto Kiran Ridley/Getty Images
O famoso Museu do Louvre, conhecido por ser o mais visitado do mundo e por ter obras como a Mona Lisa, em Paris, foi alvo de um assalto em plena luz do dia na manhã de domingo (19). O edifício foi evacuado logo após o ocorrido e permanece fechado nesta segunda-feira (20). Ninguém se feriu e nenhum tiro foi disparado durante o roubo.
De acordo com o Ministério do Interior da França, cerca de quatro suspeitos estiveram envolvidos no crime. Dois entraram no Louvre por uma janela aproximadamente às 9h30 (horário local), 30 minutos após a abertura do museu. Os ladrões levaram oito peças da coleção de joias e pedras preciosas da Galeria de Apolo, onde fica um acervo de relíquias e tesouros da realeza francesa.
A ação durou apenas sete minutos, fato que leva os investigadores da polícia francesa a acreditarem que um grupo do crime organizado planejou e executou o assalto. Os criminosos usaram um guindaste acoplado a um caminhão e uma minisserra elétrica para arrombar uma janela voltada para o Rio Sena, quebraram as vitrines para pegar as joias e fugiram em motos. Até o momento, ninguém foi preso ou identificado.
“Claramente esta é uma equipe que realizou reconhecimento prévio, era muito experiente e agiu muito, muito rapidamente”, afirmou Laurent Nuñez, ministro do Interior, ao canal BFMTV.
As peças roubadas
De acordo com o Ministério Público da França, os assaltantes tentaram fugir com nove peças da Galeria de Apolo, mas uma delas foi recuperada nas imediações do Museu do Louvre, embora danificada. Trata-se da coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, com esmeraldas e 1.300 diamantes.
Entre os itens ainda desaparecidos, estão: tiara de pérolas e broche com 2.634 diamantes em formato de laço pertencentes à imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III; tiara, brincos e tiara com oito safiras do Sri Lanka e mais de 600 diamantes pertencentes às rainhas Hoertênsia e Maria Amélia; colar e brincos da imperatriz Maria Luísa, segunda esposa de Napoleão Bonaparte, com 32 esmeraldas e 1.138 diamantes; e broche de diamantes conhecido como “broche relicário”.
“Além de seu valor de mercado, essas peças possuem um valor patrimonial e histórico inestimável”, afirmou o ministério francês em comunicado oficial.
Repercussão mundial e críticas ao governo francês
Por se tratar de um crime digno de filme realizado no museu mais visitado do mundo — e, consequentemente, altamente vigiado —, o caso rapidamente ganhou repercussão mundial. Na França, autoridades admitiram “falhas”, enquanto membros da oposição ao atual governo aproveitaram para criticar o que classificaram como uma “humilhação nacional”.
“O que é certo é que falhamos. O povo francês sente que foi roubado”, declarou Gérald Darmanin, ministro da Justiça, à rádio France Inter, antes de completar que o assalto deu uma imagem “negativa” e “deplorável” da França.
Em janeiro, o presidente Emmanuel Macron anunciou uma reforma estrutural do museu até 2031. O projeto “Louvre – Nova Renascença” inclui a instalação de câmeras de nova geração, sistemas de detecção perimetral e a criação de um novo centro de controle de segurança, além de nova entrada e reorganização das salas para reduzir o fluxo de visitantes. O local recebe cerca de nove milhões de pessoas por ano.
Também no início do ano, o Museu do Louvre solicitou ajuda urgente ao governo francês para restaurar e renovar suas galerias antigas, além de reforçar a proteção de seu vasto acervo artístico. Já em setembro, dois museus importantes da França sofreram assaltos milionários: o Museu de História Natural de Paris teve pepitas de ouro levadas, enquanto um museu de Limoges teve porcelanas chinesas estimadas em milhões de euros roubadas.
Segundo autoridades francesas, funcionários dos ministérios da Cultura e do Interior realizaram uma reunião de emergência nesta segunda-feira para discutir a segurança do Louvre.