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Os drones são a bola da vez na agricultura moderna, que cada vez mais emprega a tecnologia a favor da produtividade e eficiência

O leque de aplicações é amplo. Da inspeção da propriedade e planejamento das áreas de plantio à pulverização — passando pela análise da plantação e uso também na pecuária e piscicultura. Fato é que os drones vêm ganhando cada vez mais espaço no agronegócio, ajudando a trazer mais eficiência, produtividade e redução de custos.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), na época da publicação da Portaria nº 298, que regulamenta o seu uso na aplicação de pesticidas e outros produtos ou na semeadura, a estimativa era de que haviam cerca de 3 mil desses equipamentos em operação no agro brasileiro. Quatro anos depois, já são mais de 35 mil unidades.

O estudo “Caminhos da Tecnologia no Agronegócio”, revelou que 61% das fazendas consultadas utilizam drones. Publicado pela SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) em parceria com a KPMG, a pesquisa aponta tendência de crescimento, já que eles têm a maior intenção de adoção — 15,9%, mesmo índice da agricultura de precisão.

A pesquisa indica que os drones têm um baixo custo frente aos benefícios que entregam. Outro fator destacado é que o agricultor não precisa adquirir os drones — são cada vez mais comuns empresas que prestam serviços do tipo sob demanda.

Para cada tipo de utilização, os drones são capazes de entregar claras vantagens. No mapeamento de áreas desconhecidas, por exemplo, ele faz a demarcação precisa de território, identifica espécies no local, localiza nascentes de água e ajuda a determinar os melhores trajetos para abertura de vias de acesso.

Sua agilidade em cobrir grandes distâncias também é extremamente útil no monitoramento da propriedade — rapidamente identificando invasões, desmatamento em áreas de preservação, necessidade de reparos e focos de incêndio — ajudando ainda no direcionamento preciso das equipes de combate.

Na fase de planejamento do plantio, os drones fazem a análise do solo para determinar necessidades de manejo e demarcam a área de plantio. Com a plantação crescendo, fazem imagens a partir das quais softwares identificam áreas com demanda de irrigação, afetadas por pragas ou com deficiência de nutrientes.

Os drones são a bola da vez na agricultura

Menina dos olhos

No entanto, a atuação direta na plantação, ocupando um espaço no trabalho de pulverização entre os sistemas terrestres (rebocados por trator ou autopropelidos) e os aviões, é o que mais atrai olhares dos produtores. O estudo intitulado “Uso de drones agrícolas no Brasil: da pesquisa à prática”, publicado pela Embrapa, analisa esta aplicação. 

A pesquisa, que é assinada pelos engenheiros agrônomos Rafael Moreira Soares e Eugênio Passos Schröder, aponta as muitas vantagens em relação aos outros sistemas de pulverização em solo. Por exemplo, como o drone é controlado à distância, o aplicador não precisa permanecer na área a ser pulverizada, evitando riscos à sua saúde. 

Além disso, a aplicação pode ser realizada independentemente das condições de tráfego do solo. Em uma área alagada ou enlameada, por exemplo, sistemas rebocados por trator ou autopropelidos não podem trabalhar. E mesmo em condições de tempo favoráveis, esses sistemas ainda causam compactação do solo e amassamento da cultura — o que não acontece com os drones.

Também conhecidos como veículos aéreos não tripulados (Vant) ou aeronaves remotamente pilotadas (ARP), os drones não encontram dificuldades para realizar o trabalho em áreas de relevo acidentado ou em locais próximos a áreas urbanas e redes elétricas — situações em que até a pulverização por avião é prejudicada.

No entanto, como em toda nova tecnologia, nem tudo são flores. É preciso ter cautela em sua adoção, alerta um estudo da divisão AgTech Innovation da PWC, indicando que os drones têm certas peculiaridades que precisam ser consideradas antes de sair pulverizando a plantação com um deles.

É certo que a tecnologia veio para ficar, mas o estudo indica que ainda há carência de informações técnicas sobre a aplicação, levando em consideração as várias combinações de produtos e as diversas necessidades nas culturas de lavouras. Há ainda questões relativas ao próprio equipamento — como aumento da proporção do produto e desvios na área de aplicação conforme o volume do reservatório baixa.

A acelerada adoção, no entanto, leva a crer que tais questões — além de outras, como a autonomia das baterias e a ainda escassa mão de obra qualificada para sua operação — sejam endereçadas sem muita demora.

O Embraer Ipanema é um verdadeiro ícone do agro nacional

Embraer Ipanema

Apesar do crescimento dos drones, os aviões agrícolas ainda são bastante relevantes na agricultura. E, no Brasil, nenhum outro modelo é tão significativo quanto o Embraer Ipanema, verdadeiro ícone do agro nacional, com cinco décadas de operação. Com mais de 1.600 unidades entregues, o modelo opera há mais de 50 anos, com constantes evoluções e incorporação de novas tecnologias. Atualmente, o Ipanema detém nada menos que 60% de share de mercado.