A história de Nonna’s mostra: abrir um restaurante não precisa ser um drama (nem uma aventura tão arriscada)
Por Colaboração
Foto Divulgação/IMDb
O filme Nonna’s, baseado em uma história real, conquista pela ternura, mas também serve como alerta para quem sonha em abrir um restaurante. O protagonista Joe, um ítalo-americano apaixonado pela culinária da família, decide abrir um restaurante com um conceito único: contratar avós italianas, guardiãs de receitas secretas passadas de geração em geração. O problema? Joe ignora completamente o básico da gestão de um negócio de alimentação.
Com mais de 200 mil dólares em dívidas e apostando toda a herança da mãe para abrir o restaurante, ele se lança no projeto movido pela emoção, mas sem planejamento ou controle financeiro.
Para Marcelo Marani, CEO da Donos de Restaurantes e referência na gestão de bares e restaurantes na América Latina, esse é o maior erro cometido por quem transforma paixão em empreendimento. “Amor é fundamental, mas sem um plano sólido, ele vira risco. O começo de um restaurante não precisa ser sofrido nem uma montanha-russa de problemas”, afirma.
O que deu errado na jornada de Joe?
Segundo Marani, o primeiro grande deslize foi não separar a vida pessoal dos negócios. “Usar o dinheiro da herança e manter dívidas pessoais atreladas ao fluxo do restaurante foi um erro grave. A primeira regra para abrir qualquer negócio é estruturar um plano financeiro realista, definir capital de giro e manter as finanças pessoais e da empresa bem separadas”, explica.
Outro obstáculo foi a falta de um estudo prévio da vizinhança. O restaurante abriu em uma comunidade ainda de luto pela morte do antigo dono do local, o que criou resistência imediata. “O personagem acreditou que o bom gosto do cardápio resolveria tudo. Errou. Antes de qualquer inauguração, é fundamental fazer pesquisa de mercado, entender o perfil do bairro, conversar com moradores e potenciais clientes”, orienta o especialista.
Além disso, o protagonista se deparou com outro dilema: suas adoráveis cozinheiras eram excelentes nas receitas caseiras, mas não tinham qualquer experiência em lidar com demandas de um restaurante. Para Marani, esse é um clássico desafio do setor. “Contratar apenas pela habilidade técnica, sem considerar a capacidade de operar sob pressão ou seguir padrões, compromete a entrega. Ele deveria ter estruturado um processo claro de treinamento e organização interna”, reflete.
Os 5 passos, segundo Marcelo Marani, para transformar o sonho em sucesso
Apesar das falhas iniciais, Nonna’s tem um final feliz. E segundo Marani, com algumas atitudes simples, o caminho do protagonista poderia ter sido muito mais tranquilo desde o começo. Entre as ações que ele considera essenciais estão:
Definir cardápio enxuto para reduzir desperdícios e facilitar a operação.
Implantar processos padronizados para garantir que todas as avós cozinhassem com a mesma qualidade.
Estabelecer um sistema de controle de custos e fluxo de caixa para evitar novas dívidas.
Engajar a comunidade local desde o planejamento, criando ações que valorizassem a tradição do antigo restaurante, mas apresentassem o novo conceito de forma acolhedora.
Treinar a equipe para atender de forma rápida e padronizada, garantindo qualidade constante no serviço.
“O começo de um restaurante não precisa ser uma sucessão de tropeços. Com preparação, planejamento e processos bem definidos, é possível ter um início promissor e seguro, mesmo com um conceito tão emocional”, conclui Marani.